Infelizmente boa parte do que tem chegado no mercado com nomenclatura “inox Série 200” não segue nenhuma norma nacional ou internacional tendo em vista o baixo valor de níquel (Ni ~1%), valor este não encontrado em nenhuma norma para os aços da série 200, sendo recomposto com altos teores de manganês (Mn), nitrogênio (N) e cobre (Cu) o que é um grande ponto de atenção para o mercado no que tange desempenho e propriedades destes materiais que visam redução drástica de custo.
Através dos diversos resultados dos ensaios de corrosão realizados com apoio do IPT conseguimos comparar estes aços “Série 200” vs 304 onde visualizamos a superioridade do último e fragilidade do que chega hoje como “Série 200” no mercado e necessita de uma atenção especial no quesito resistência à corrosão (durabilidade) e atendimento às normas nacionais e internacionais que regem o aço inoxidável.
Os aços inoxidáveis austeníticos tradicionais são compostos basicamente por ferro, cromo e níquel, sendo este último o principal elemento de liga responsável pela estrutura austenítica da família 3XX. Já a família 2XX, também austenítica, possui como principal elemento austenitizante o manganês, que substitui parcial ou quase totalmente o níquel. De uma forma prática temos:
3XX: inox austenítico com alto teor de níquel
2XX: inox austenítico com alto teor de manganês
De acordo as análises comparativas e ensaios realizados em tubos inox, os produzidos com os aços Linha 200 não apresentaram o mesmo desempenho que os produzidos com os aços da série 3XX, como o 304. É sabido que o principal elemento de liga que garante resistência à corrosão aos aços inoxidáveis é o cromo (Cr). Conforme análise química na tabela 1, o aço Linha 200 apresenta 2,5% menos Cr que o 304.
A equição a seguir demonstra a importância do cromo para os aços inoxidáveis, onde PREN significa número equivalente de resistência à corrosão por pites. Quanto maior for o valor da equação, melhor é a resistência à corrosão.
(1) PREN = %Cr + 3,3xMo% + 16xN
Há outros fatores que também contribuem negativamente para a resistência à corrosão neste material. O enxofre presente no aço Linha 200 se combina com o manganês em abundância, formando sulfetos, que são pontos preferenciais para o início da corrosão por pites. Além disso, teores de carbono mais elevados, comprometem o desempenho em materiais soldados por haver precipitação de carbonetos de cromo nos contornos de grão, podendo desencadear corrosão intergranular. Isso reduz substancialmente a resistência à corrosão desses aços, em especial nas regiões afetadas pela solda. O mesmo não ocorre com os aços 3XX, que possuem baixos teores de carbono.
Uma das formas de se avaliar a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis é através da realização de ensaio de névoa salina (ASTM B117).
A figura 1 abaixo, apresenta o resultado de testes realizados no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo) em tubos inox 304 e 2XX após 1000 h em ensaio de névoa salina (NaCl 5%), onde nota-se claramente corrosão na região soldada no tubo 2XX.